VIVA A VIDA: UM LIVRO DE LAURO ANDRADE
Editor: CREATIVE PROCESS
As viagens de Lauro Andrade pelo mundo têm um propósito singular. Elas são autobiográficas. Constituem uma maneira de ganhar perspectivas valiosas em sua jornada pessoal pela vida. São espelhos e janelas que trazem clareza e profundidade aos seus pensamentos sobre o seu lugar no universo. Viajar não é uma escolha para Andrade, é parte vital de seu ser. Ele é um eloquente sonhador informado, adepto da leitura dos impalpáveis sinais que refletem nosso estado mental. As imagens de pessoas e lugares neste livro são um reflexo de sua realidade existencial, uma dinâmica de interações imprevisíveis em constante evolução, que ilustram a importância da visão periférica na compreensão de sua própria vida e das dos outros. Na sociedade contemporânea temos a tendência de priorizar o que está acontecendo diretamente diante de nós, as coisas que são óbvias, aquelas que gritam mais alto ou causam o maior inconveniente. No entanto, Andrade percebe que existe, invariavelmente, uma miríade de eventos periféricos e sensações sendo gerados simultaneamente à nossa volta, a maioria dos quais mal percebemos e, mesmo quando o fazemos, atribuímos pouca importância. Andrade parece ter olhos atrás da cabeça ao reunir fragmentos de sua interpretação circundante, priorizando-os ao compor uma visão panorâmica de sensações e pensamentos reflexivos sobre a situação em que se encontra. Ao elevar o que muitos podem considerar como eventos secundários ao nível de ações mais dramáticas, reestrutura nossa perspectiva, aproxima-nos de situações que poderiam ter parecido culturalmente distantes de nós e racionaliza diferenças irrelevantes e superficiais que muitas vezes nos cegam para verdades mais fundamentais, principalmente sobre nós mesmos. A magia de Andrade é encontrada em sua capacidade de identificar e revelar significados onde a maioria de nós não percebe nada de aparente importância. As justaposições que resultam de sua democratização de sensações e eventos expressam eloquentemente a ambiguidade nascida da interferência que constantemente anima nossas vidas das formas mais improváveis e íntimas - uma ambiguidade que é tão concretamente produtiva quanto fugaz e intangível. A vida certamente não é uma narrativa linear para Lauro Andrade.
Scott MacLeay, curador do projeto